A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reforçou sua visão de que a demanda global por petróleo continuará crescendo até meados do século, sem qualquer sinal de pico no horizonte.
Em seu relatório anual sobre as tendências energéticas de longo prazo, o cartel revisou ligeiramente para cima suas projeções e agora estima que a demanda de petróleo alcançará 113,3 milhões de barris por dia em 2030 e quase 123 milhões em 2050 — acima dos 103,7 milhões registrados no ano passado.
Segundo a Opep, o petróleo deverá manter uma participação próxima de 30% na matriz energética global, enquanto, somado ao gás natural, continuará respondendo por mais de 50% do total ao longo do período. “O petróleo sustenta a economia global e é central para o nosso cotidiano”, afirmou a organização. “Não há pico de demanda no horizonte.”
Os membros da Opep — cujas economias dependem fortemente das receitas com exportação de petróleo — tradicionalmente adotam uma visão mais otimista do que outras instituições. A Agência Internacional de Energia (AIE), que representa países consumidores como os EUA, projeta que o crescimento da demanda global por petróleo deverá se estabilizar até o fim da década.
O relatório desta quinta-feira foi publicado em meio a preços de petróleo ao redor de US$ 70 por barril, com o sentimento do mercado pressionado pela incerteza em relação à agenda tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump, e por temores de excesso de oferta após o último aumento significativo de produção da Opep+.
Com exceção do carvão, a demanda por todas as principais fontes de energia deve aumentar até 2050, segundo a Opep. Os maiores avanços virão das fontes renováveis — especialmente eólica e solar — e do gás natural. A energia nuclear, por sua vez, deve registrar uma recuperação significativa após anos de estagnação.
Grande parte do crescimento da demanda energética no ano passado foi impulsionada pelo aumento do consumo de eletricidade, alimentado pela rápida expansão de centros de dados e da inteligência artificial, particularmente nos EUA, na Europa e na China, afirmou o cartel.
As projeções da Opep para a demanda estão ancoradas em expectativas de crescimento robusto da população e da economia global. A população mundial deve atingir 9,7 bilhões de pessoas até 2050, ante pouco mais de 8 bilhões atualmente — com o crescimento concentrado sobretudo em regiões fora da OCDE. Já o PIB global deve avançar a uma média de 2,9% ao ano.
Ao mesmo tempo, a Opep destacou que as políticas energéticas nas principais economias estão em transformação, à medida que os países enfrentam uma gama crescente de desafios. Apesar da manutenção de metas ambiciosas, cresce a resistência e o ceticismo em relação aos planos de transição climática, especialmente nos EUA e em outras economias avançadas, segundo a organização.
Para atender à futura demanda, a Opep estima que o setor de petróleo precisará atrair US$ 18,2 trilhões em investimentos nos próximos 25 anos, com a maior parte destinada ao segmento de exploração, perfuração e extração (upstream).
A oferta de países fora da aliança Opep+ deve crescer 5,6 milhões de barris por dia entre 2024 e 2050. Já dentro do grupo Opep+, a produção deve aumentar 15 milhões de barris por dia até 2030, atingindo 64,1 milhões em 2050. Com isso, a participação do grupo no fornecimento global de líquidos deve subir de 48% no ano passado para 52% em meados do século.